quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Não gosta de mim? Só lamento!

Passaram os fogos, a ceia, o ano velho. E, sinceramente, tirando os quilos que ganhei nas comemorações, não noto diferenças na minha pessoa. O espelho, mau como o da madrasta da Branca de Neve, não me poupa críticas. Nem olho mais. E da empoeirada lista de metas de 2014, não mais que uns três itens riscados.

Minha meta para 2015 é um 2015 sem meta. Não me faltam objetivos, nem sonhos. Muito menos desejos. Tenho baús cheios de tudo isso. Me falta é ação.

Listas de metas não têm resolvido meu caso. Meta de ano novo é como lista de mercado. Você entra cheia de gás e necessidades. Na pressa esquece um monte de coisas e sempre sai sem o que precisava. Já acabou de sair de um mercado cheio e lembrou do que esqueceu de comprar? Ó dor.

Em todo caso, um ano começa de novo. Se o ano pode, por que não eu? Posso! Recomeçarei também. Não mudo de nome, como ele faz: 2014 para 2015. Até que não seria má ideia. Mas gosto do meu nome, estou acostumada com ele, as pessoas já me conhecem. Trocar documentos, nem pensar.

Sigo com o mesmo nome. Trocarei, sim, de atitudes, de decisões, de prioridades. Trocarei de cores, de sonhos. Ou não! Se forem bons para continuar comigo, permanecerão.

Trocarei de freio. Tenho freios defeituosos que empacam no meio do caminho. Ainda não sei se sou eu ou eles, mas ando tendo dificuldades. Travo, medro, não resolvo, não desembaralho. Como velha mula, empaco e fico.

Trocarei meus amortecedores que batem mais forte do que deveriam nas estradas da vida. As decepções me doem, os erros me rasgam, tenho torcicolos de mal-entendidos. Sem falar da dor nas costas das mágoas antigas que carrego na mala. Basta! Preciso de mais suavidade e mansidão comigo.

Trocarei a engrenagem das portas que rangem dolorosamente para que entre o novo e saia o que não presta mais.

Trocarei minha estridente buzina que, impaciente, reclama muito mais do que deveria. Uma boca fechada ajuda muito. Paciência é uma virtude admirável que na hora H, eu sempre descubro que ainda não desenvolvi o suficiente.

Trocarei o cinto de segurança. Porque, às vezes, é preciso se lançar e ele trava. Amarrada pelo medo e pelas falsas seguranças, eu fico. Quero me jogar mais livre nas oportunidades que a vida, tão generosa, me traz. E acelerar, com vento na cara no ano de 2015, 16, 17...

Não são metas, não gosto delas. É só manutenção do veículo. Revisão mecânica das engrenagens emocionais. E, dessa vez, quem sabe, eu acorde e bote a fila dos sonhos para andar.

Trocarei o GPS que se guia pela opinião alheia. Quero seguir meu coração. Minhas intuições que já estão roucas de tanto gritar e eu não escuto. Serei eu. No mais profundo eu que eu possa ser em mim mesma. E feliz, por que me atendi no que era importante.

Quem não gostar? Só lamento! Quem reclamar? Sorrio por fora. Dou careta por dentro e sigo!

Careta para os caretas. Talvez essa seja uma boa meta para 2015. Vou pensar.

Mônica Raouf

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