sexta-feira, 3 de junho de 2011

O que é, afinal, essa tal felicidade?

 
 
Estive, por esses dias, com uma frase do Freud na cabeça que, de certa maneira, impulsionou a produção deste texto. Ela diz: “A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz”. Pensando, genericamente, a teoria freudiana faz todo o sentido. Porém, considerando que, erroneamente, buscamos a felicidade no outro, se esta destoar da nossa, como seremos felizes?

Acredito que a estranheza nas relações se dê pela diferença de expectativa que ambos constroem mentalmente. Somos dotados de vontades, instintos, emoções, que despertam de maneira peculiar, especialmente se atentarmos para a sexualidade de cada ser. Homens são mais objetivos e não escondem o que sentem e pensam, seja nos trâmites profissionais ou nos seus relacionamentos. Já as mulheres, cheias de sensações complexas e unilaterais, enfrentam dificuldade em traduzir o que querem ou esperam em determinada situação do seu envolvimento amoroso.

É muito fácil idealizar uma relação, esperar que ela dê certo e que ambos se completem com a mesma intensidade. Mas, por mais otimistas que sejam os prognósticos de felicidade, precisamos pesar e medir o grau de envolvimento, a personalidade de cada um e as sutilezas comuns a cada sexo. Como lidar, então, com a felicidade própria se ela depende da satisfação alheia? Não existe possibilidade de se sentir feliz se o outro não responde com reciprocidade. Portanto, afirmar que “a felicidade é um problema individual”, não só é relativo como é intrigante.

É possível que, em tempos de paixão, as emoções comunguem pelo mesmo caminho e tudo flua em plena constância e satisfação. No entanto, ao passar a fase onírica de entusiasmo febril, pode ser que a sensação de felicidade comum aos dois comece a ganhar um aspecto turvo, cedendo espaço à busca pela felicidade individualizada, aquela que nutrirá os próximos dias e a nova realidade. A tendência masculina é a mudança de comportamento, e a feminina, a frustração. É óbvio que isso acontece com todos os casais. Chegará o momento em que os gostos, as vontades e os ideais emergentes comecem a se solidificar, e o afastamento (ainda que sutil) seja inevitável.

Mas não é isso que queremos, tampouco o que esperamos que aconteça nos nossos relacionamentos, afinal, a primazia de dividir a vida com alguém está em ser e fazer o outro feliz. É para isso que vivemos a dois. A quatro mãos buscamos plenitude e estabilidade ,a quatro mãos escrevemos a nossa história. Contemplamos sonhos e desejos comuns a ambos. Buscamos sempre no outro a resposta para um sorriso, o motivo para dormir até mais tarde, a razão para ouvir uma música romântica, a confissão do “eu te amo”, a sensação de ser admirado por alguém que nos é especial.

A felicidade que queremos, portanto, é algo que combina com prazer, segurança, entrega, fidelidade e desejo de que será para sempre. Os laços podem ser mútuos, mas a sensação de bem-estar ao lado do outro só será contínua e estável se, ao passar o estágio de encantamento, ambos percebam que, embora sejam dois, a felicidade de cada um é responsabilidade própria, sem que se possa atribuir ao outro encargos de mantê-la em estado permanente. Aliás, de permanente, só existe o desejo de ser feliz!

Por Afrodite para Maiores

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